Acerca de 4 meses, a revista “Sábado” (15-Novembro 2012) trazia uma notícia sob o título: “O Presidente mais pobre do mundo”, que vivia numa quinta, com pouco mais de 900 euros / mês, e que “os outros 90% do seu ordenado”, doava, a Instituições de caridade. De seu nome: José Mujica, exercera as funções de Chefe de Estado do Uruguai, onde fora eleito em 2009. Que passou grande parte das décadas de 60 e 70 a lutar ao lado de um grupo armado, inspirado na revolução cubana. Que possui um carro da marca: “Volkswagen Beetle” de 1987, “que é o seu bem mais caro”.
Entrevistado pela BBC em Londres, declarou: “Chamam-me o presidente mais pobre, mas eu não me sinto pobre. Pobres são os que só trabalham para tentar manter um estilo de vida dispendioso e querem sempre mais e mais”. E conclui dizendo: “É uma questão de liberdade”.
Em 4 de Março 2013, o Diário de Notícias, publicava uma pequena crónica do ilustre Jornalista Ferreira Fernandes, sob o título: “O banqueiro indignado”, que descrevia o descontentamento dessas excelências, com a criação de uma associação designada de “MRI”, que quer dizer: “Movimento dos Reformados Indignados”. Transcrevo parte dessa informação: “...Este MRI vai ser presidido por Filipe Pinhal, ex-presidente de banco (BCP) e actual beneficiário de uma reforma de 70 mil euros mensais. (…) Ao “ai aguenta, aguenta!” de um banqueiro, ontem, responde, amanhã, um ex-banqueiro que não aguenta. Pôr um ex-presidente de banco que ainda há meses foi condenado a pagar multas de 800 mil euros por deslizes financeiros a liderar pensionistas que tiveram cortes nas reformas de 1350 euros é contradição das boas, capaz de gerar unidade nacional. Estamos todos no mesmo barco da indignação: do banqueiro ao cabouqueiro. Que este, por razões egoístas e prosaicas – ganha pouco – se indigne, não merece duas linhas de crónica. Admirável é o outro, que apesar de ter um milhão por ano de reforma ainda se indigna. O único contra que vejo é irrelevante: faz-me desconfiar de tanta unanimidade”.
“Malhas que o Império tece…”! A imoralidade cria os seus peculiares padrões e os seus estipendiados serventuários e envolve-se numa escalada paranóica pelo poder. Muitos homens querem ser políticos poderosos. Muitos políticos querem ser reis. Muitos reis querem ou quiseram ser deuses ao longo da história. Somos uma via láctea de constelações da qual, volvidos meia dúzia de séculos, restará quando muito meia dúzia de pirilampos.
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